A Imprensa em Cataguases

O primeiro jornal que se publicou em Cataguases foi a Gazeta de Cataguazes, de publicação semanal, no ano de 1883, sob a direção de Ernesto de Melo. Pouco viveu, desaparecendo em breve tempo, guerreado pelo comércio local, por se haver colocado ao lado do agente da estação da Estrada de Ferro em um atrito que este tivera com o francês Felix Samuel, já falecido e fundador da primeira fábrica de cerveja.


Logo depois, em 1884, Francisco Gonçalves da Costa Sobrinho fundou a Folha de Minas, que teve enorme circulação e era geralmente apreciada pelo cunho excessivamente noticioso que imprimiu Costa Sobrinho. Era também de publicação semanal, e só desapareceu em 1898 depois de passar à direção de C. Benicio da Silva, Dr. Astolpho Dutra Nicácio e professor Antonio de Abreu Freitas Drummond.


Em maio de 1886, Estevam de Oliveira, que havia fundado O Povo, na estação de Campo Limpo, transferiu-o para Cataguases. O Povo combatia a monarquia e a escravidão, constituindo-se órgão do Partido Republicano. Depois de proclamada a República, suspendeu a publicação, sendo o seu material vendido ao Dr. Jorge Pinto, que fundou no Brejo (Miraí) O Eleitor. Nesse mesmo ano de 1886, Lima Deslandes fundou - O Cataguazense, que passou pouco tempo depois à direção e redação aos Drs. Cleto Moreira e Cunha Bello. O Cataguazense, embora se dissesse imparcial, tinha feição conservadora. Ainda nesse ano, Francisco Gomes da Silva e Edwino Gomes da Silva fundaram O José Bonifácio, que teve curta duração.


Em 1890, Estevam de Oliveira fundou O Popular, que desapareceu no ano seguinte, sendo o material transferido para Juiz de Fora para a fundação do Minas Livre. O Popular era folha independente, tendo feito oposição ao Governo Provisório e à situação dominante em Minas, sob Cesário Alvim e João Pinheiro.


Em 1894 apareceram: Echo de Cataguazes, fundado por Paulino Delfin e Osório Duque Estrada, durante 2 anos aproximadamente; a Gazeta de Cataguazes, do Dr. Antonio Cavalcanti Sobral, de cujo partido era órgão e viveu até 1901; e O Monitor Mineiro, que, algum tempo foi diário, desaparecendo da circulação em menos de um ano.


Em janeiro de 1898, o Dr. Astolpho Rezende fundou O Agricultor, que só viveu um ano. Em fins desse ano, apareceu O Jornal de Minas, sob a direção de M.C. Machado Junior, sucedendo O Tiradentes, que se publicava em Vista Alegre. O Jornal de Minas suspendeu a publicação em 1902.

Nesse ano, o Dr. Navantino Santos, então estudante, e Rebeldino Baptista fundaram O Arauto, que viveu pouco mais de três anos.


Por último, em janeiro de 1906, apareceu O Cataguazes, órgão dos poderes municipais, e que ainda vive. Foi criada pela Lei nº 189, de 28 de setembro de 1905, e regulamentada pelo dec. nº 61, de 21 de outubro do mesmo ano, só em 28 de janeiro de 1906 foi inaugurada a Imprensa Oficial com a publicação do primeiro número do Cataguazes, órgão dos poderes municipais. O Cataguazes teve como gerente, desde a sua fundação até 25 de abril de 1908, o Sr. Arthur Rezende, a quem substituiu o Sr. Manoel Joaquim Tavares Junior.


Apareceram outros jornais pequenos e de vida efêmera; os principais são esses que acabam de ser enumerados.


Eis a lista dos jornais que tem publicado na cidade e no município, até a presente data (1908), e de que conseguimos obter notícias:

Na cidade de Cataguases:

Gazeta de Cataguazes, 1883;

Folha de Minas, 1884;

O Bilontra, 1885;

O Popular, 1890;

O Monitor, Gazeta de Cataguazes, Echo de Cataguazes, 1894;

A Bala, A Caridade, A Reação, O Amor, 1897;

O Agricultor, A Metralha, A Violeta, O Lírio, Jornal de Minas, O Diabinho, 1898;

O Beijo, 1899;

A Pena, O Intransigente, A Folha, 1901;

O Arauto, O Alan Kardec, O Ideal, 1902;

O Riso, 1903;

A Sogra, A Caridade, 1904;

O Grito, A Verdade, 1905;

A Semana, A Rosa, O Pygmeu, O Cataguazes, 1906

A Oração, 1907;

A Chimera, 1908;


Publicaram-se também:

Em Santo Antônio do Muriaé – O Eleitor, 1890-1891;

O Município, 1892;

O Progresso, 1894;

O Mirahy, 1905

Em Vista Alegre – O Tiradentes, 1898;

No Porto de Santo Antonio – O Minas Católica, 1902;

No Laranjal – O Gaúcho e O Pyrilampo, 1902;


Fonte: Rezende, Arthur Vieira com colaboração de Astolpho Vieira de Rezende - O Município de Cataguases - Esboço Histórico 1908 - 2ª Edição revisada e comentada pelo organizador Joaquim Branco Ribeiro Filho - Instituto Francisca de Souza Peixoto, Cataguases MG, 2019.


Foto: Imprensa Oficial de Cataguases, 1907, acervo de Joaquim Branco

 

 

 


Por Karla Valverde 27 de março de 2025
Breve relato histórico-cultural
Por Karla Valverde 4 de março de 2025
Quem matou Rubens Paiva?
Por Karla Valverde 3 de dezembro de 2024
Hospital de Cataguases
Mais Posts
Share by: