Educadora nascida na Fazenda da Aldeia, no distrito de Sereno, em 05/05/1881. Diretora dos dois grupos escolares mais importantes de Cataguases, foi um exemplo de dignidade e sabedoria, respeitada e querida por alunos, professores e superiores. Morreu no Rio de Janeiro, em 03/07/1949.
Filha de Raquel Vieira Resende e do Tenente-Coronel Pedro Dutra Nicácio, Clélia faz o primário na Fazenda da Aldeia, onde nasceu. Matricula-se depois no Colégio Sion, em Petrópolis, onde cursa humanidades. Diplomada, volta à fazenda e - com a aquiescência do pai - funda uma escola com duas de suas irmãs, Adélia e Hermínia. Em 1913, seu irmão, o então deputado federal Astolpho Dutra Nicácio, cria em Cataguases o Grupo Escolar Coronel Vieira. Clélia começa a lecionar no estabelecimento, dirigido por Eurico Rabelo, construindo uma reputação profissional que se manteria ascendente por toda a vida.
Em 1929, ela é nomeada diretora do Coronel Vieira, cargo que iria ocupar de janeiro de 1930 a junho de 1939. Foi então que pôde revelar toda a sua serenidade e energia, toda a austeridade e tolerância, traços marcantes de sua personalidade. Com exemplar isenção, alheava-se a quaisquer cogitações estranhas à função que tanto dignificou: a escola era o foco constante de seus interesses. Foi essa a mesma linha de conduta, inalterada em toda a sua vida profissional, que ela manteve intacta no Grupo Escolar Guido Marlière, para onde fora transferida em 1939. Seis anos após, em 1945, ela encerraria sua carreira no magistério cataguasense.
“Clélia tinha presença, moça de porte altivo, impecável no trajar”. É essa a imagem que dela guardou Dona Gerondina Guieiro, apesar de ser ainda muito nova quando a conheceu. Essa descrição é confirmada por Maria Aparecida Teixeira Lacerda, a Dona Lilia, sua vice-diretora no Guido Marlière: ”Quando havia reuniões na prefeitura, com as diretoras, ela se sobressaia. Recebia muito bem as autoridades educacionais de Belo Horizonte, com quem tinha excelente relacionamento”.
“Ela estava sempre fazendo campanhas para a caixa escolar”, continua Dona Lilia. “Os comerciantes reconheciam a sua importância e tinham mesmo prazer em dar sua contribuição. Era impecável o ‘Guido Marlière’ de Dona Clélia: nos desfiles comemorativos, o grupo estava sempre à frente das outras escolas. Toda a semana havia a hora cívica, a bandeira era hasteada e cantava-se o Hino Nacional. Dona Clélia era enérgica e exigente sempre que preciso - mas ao mesmo tempo boa e justa, agindo com grande sabedoria”. No dia 3 de julho de 1949, Clélia Dutra falece no Rio de Janeiro, sendo sepultada à noite, em Cataguases. Sob a luz de dezenas de tochas, a multidão formada por seus alunos, suas colegas, professoras que dirigiu e orientou, encenou em seu enterro um dos espetáculos mais solenes e comoventes a que a cidade já assistiu.
Trecho retirado do livro "Os 100 do século em Cataguases", da Fundação Ormeo Junqueira Botelho
Criação e Desenvolvimento
Welington Carvalho