Histórico da Indústria Irmãos Peixoto - Cataguases

Parte 1

Foto: Fábrica de Fiação e Tecelagem de Cataguases, sem data  - Acervo da URL: http://www.cataguases.com.br

Em 1905, é organizada a Companhia de Fiação e Tecelagem de Cataguases, fundada pelo Coronel Joaquim Gomes de Araújo Porto, Major Mauricio Eugenio Murgel, Coronel João Duarte Ferreira e Dr. Norberto Custódio Ferreira.


No dia 08 de agosto de 1905, iniciou-se a construção do edifício da fábrica e no dia 01 de agosto de 1906 era inaugurada, com 20 teares, dos mais modernos da época, fabricados na Inglaterra, compostos dos seguintes implementos: uma calandra, um medidor e dobrador e uma espuladeira. A máquina era, inicialmente, movida por um motor a vapor de 8HP que, depois, foi substituído por um motor elétrico de 20HP. Fabricava no começo, tecidos. A produção era mensal de 15 mil metros de brim e tecidos fantasias para senhoras.


As máquinas eram movidas a vapor, álcool e petróleo. Em 1908 os motores a vapor são substituídos por unidades elétricas. Em 1910, a partir de uma crise enfrentada pela empresa devido à alta no preço do algodão, o comerciante Manuel Ignácio Peixoto, imigrante, nascido na Freguesia da Candelária, Ilha do Pico, Arquipélago dos Açores, viu no comércio a sua primeira atuação, assumindo o passivo da empresa que, em 1911, passa a se chamar “Manoel Ignácio Peixoto”, e em 1913, troca o nome para “Manoel Ignácio Peixoto & Filhos”, já com o capital totalmente integralizado de 250 contos de réis.


Em 1917, com o falecimento de seu fundador, a empresa passa a denominar-se “Irmãos Peixoto & Cia.”, e em 1935 torna-se sociedade anônima, Indústrias Irmãos Peixoto S.A., e assim se conserva até sua definitiva incorporação, em 1998, pela Companhia Industrial Cataguases.


No ano de 1918, o Instituto Industrial, do Rio de Janeiro, confere diploma de honra à Irmãos Peixoto e Cia., por “cooperação vultosa que a empresa tem prestado a emancipação da indústria nacional” (Jornal Cataguases, 07.09.1918. Nº 198. Ano XIII).


Na Indústria Irmãos Peixoto é elevado o número de mulheres, principalmente no setor de tecelagem, sendo seus operários contratados ainda na infância. Encontra-se presente já na década de 1940 a preocupação por parte da diretoria da empresa com a perfeição a ser impressa nos artigos fabricados, tanto na sua textura quanto no seu acabamento.

 

A 2ª Guerra Mundial interrompe as negociações da empresa para a substituição das máquinas por outras mais aperfeiçoadas. Não só a atividade fabril foi a preocupação daqueles que plantaram essa empresa na cidade de Cataguases. Também, o setor de assistência médica e social aos seus empregados mereceu cuidadosa e especial atenção daqueles que pontificaram na direção da empresa.


De início, admira-se um conjunto de residências onde estão instalados inúmeros servidores. Em sua Divisão Previdenciária, os trabalhadores da empresa e seus familiares contam com médicos especializados em medicina industrial, bem como com laboratório de análise clínica, ambulatórios completos, dando condições a pequenas intervenções e socorro de emergência. Completando a assistência médica funciona na indústria um consultório dentário, com aparelhagem moderna, prestando serviços, através de profissionais, aos operários e as suas famílias.


Não obstante as dificuldades do pós Segunda Guerra Mundial, a Companhia Industrial de Cataguases compra novos equipamentos na Inglaterra, tendo à frente a experiência da família Peixoto no ramo têxtil. Bem aplicados os recursos permitiram a importação seletiva de máquinas, equipamentos e aparelhos novos e mais modernos, incorporando o avanço tecnológico e possibilitando uma nova expansão nos negócios.

 

A indústria Irmãos Peixoto (Jornal Cataguases, órgão oficial do município, 28.01.1942) em seu relatório para o exercício de 1941, relata uma fabricação anual de 6.080.585 metros de tecidos com uma produção diária (16 horas) de 21.483 metros e 6,03 metros por tear-hora.


Suas máquinas estariam em perfeito estado de conservação, mantendo durante o ano, uma média de 470 empregados inclusive pessoal de escritório, pedreiros e carpinteiros.


Registra despesas com a caixa beneficente dos operários, com o IAPI, com indenizações, com seguros contra acidentes, e uma banda de música.


Em 1943 foi criada uma nova fábrica na cidade: a Companhia Manufatora de fios de algodão. Destinada inicialmente à produção de fios, com o tempo passou também a fabricar tecidos de algodão e alguns anos depois iniciou a produção de algodão hidrófilo da marca Apolo.


Em 1954, Manoel Peixoto e outros empresários locais criaram mais uma indústria na cidade: a Companhia Mineira de Papéis, voltada para fabricação e comércio de papéis e celulose e, em 1961 foi criada a Indústria Química Cataguases, tendo à frente os irmãos Manoel Peixoto e Francisco Inácio Peixoto.


Na década de 1960 se investe na modernização e reaparelhamento com importação de máquinas. Nos anos 1970 continua a modernização do parque industrial com permanente programa de investimentos em novas máquinas, descentralização administrativa e instalação de um moderno centro de treinamento. No começo da década de 1980 é instalada uma nova unidade da empresa no bairro Saudade, para a produção de fios, e a Indústria Irmãos Peixoto continua produzindo tecidos. Em 1986 é ampliado em 50% o prédio da unidade da Saudade, com novos teares, e ao término da montagem da fábrica da Saudade em 1992, ocorre o fechamento definitivo da matriz no centro da cidade. O prédio sofre modificações e lá se instala o Instituto Francisca de Souza Peixoto, com oficinas artesanais, biblioteca, teatro, salão de festas, e grupo teatral, contribuindo para o aprimoramento da cultura cataguasense. 



Fonte: A saude dos operários têxtil da Indústria Irmãos Peixoto _ Cataguases-1941.

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela Professora e Mestre em História, Lucilene Nunes da Silva.


Redatora Chefe

Karla Valverde






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