Perfil dos operários – 1911 a 1941
A análise do perfil dos operários das Indústrias Irmãos Peixoto foi realizada com base no estudo das Fichas de Registro (Parte integrante do acervo do CDH – Centro de Documentação Histórica em Cataguases) dos empregados da fábrica.
As fichas apresentam de dois a três números de ordem, muitas vezes estes estão riscados, dificultando o acesso aos registros do funcionário. Estas mudanças se deram devido à necessidade de agrupamento das mesmas, que primeiro eram arquivadas de acordo com o número de ordem, e depois o arquivamento passa a ser realizado por ordem alfabética, como se encontram arquivadas atualmente, passando deste modo as fichas, por uma nova ordenação dos números de registro.
Para um número de 536 operários atendidos pelo médico da empresa, foram analisadas 81 fichas de funcionários e 190 de funcionárias, para um total de 271 fichas encontradas, cerca de 50,5%.
O período analisado com base nas fichas de registro de funcionários perfaz 30 anos de admissão de operários na empresa, do ano de 1911 a 1941. Neste período observa-se que o número de funcionários variava de acordo com os anos, sendo constantemente maior o número de mulheres.
A utilização da mão-de-obra feminina e infantil eram características marcantes nas fábricas têxteis. A análise dos dados de nacionalidade mostra que os operários eram brasileiros, fato esperado uma vez que a região possuía mão-de-obra farta para se empregar na empresa e o processo imigratório para a região da Zona da Mata já havia se encerrado.
A partir da análise das fichas podemos afirmar que os operários da indústria Irmãos Peixoto diferenciam dos de Juiz de Fora e Belo Horizonte uma vez que o número de estrangeiros entre eles é reduzidíssimo, mesmo no início do século XX, quando o percentual de mão-de-obra estrangeira nas indústrias brasileiras era significativo.
A avaliação da cor da pele indica que 50% dos funcionários que tiveram o registro de sua cor nas fichas da empresa são considerados brancos com 137 apontamentos, sendo pequeno o número de funcionários ditos pretos (11) e pardos (21); sendo elevado o percentual sem esta informação, perfazendo 33,57% do total dos apontamentos (91 registros).
O número de funcionários solteiros é de 96, seguidos pelos casados, 67, e pelos viúvos, somente 5.
O percentual sem informação sobre a condição civil do operário, perfaz 38% no total das fichas analisadas.
Muitos destes funcionários entravam para a fábrica ainda muito novos, começando suas atividades com apenas dez anos de idade.
A forma de pagamento mais utilizada pela empresa era quinzenal, com 251 registros, apenas 4 mensais e 3 semanais, e em 13 fichas não encontramos registro acerca da forma de remuneração.
Quando o operário cometia alguma falha na produção, ocorriam descontos em seu pagamento, de acordo com os prejuízos sofridos pela companhia, e os defeitos provocados pelos operários nos tecidos produzidos. Parte dos panos com defeitos eles levavam para casa. Descontos por faltas não foram encontrados nos registros.
Os registros dos operários da fábrica, ao indicarem a naturalidade, mostram que, apesar de muitos deles serem cataguasenses, 50%, é elevado o número de registros de referência ao local de origem, como sendo de cidades da região e seus distritos, mostrando uma migração regional da mão-de-obra.
O recrutamento da mão-de-obra se realizava em sua maior parte na cidade de Cataguases e em cidades próximas como Leopoldina, Itamarati e Miraí. Somente dois registros indicam trabalhadores vindo do Estado do Rio de Janeiro, não havendo referência a outros Estados, constatando-se que 269 funcionários foram recrutados no estado de Minas Gerais, principalmente na Zona da Mata.
Dos 271 registros encontrados com naturalidade dos operários, as mulheres provinham das cidades vizinhas de Cataguases em número maior do que o de homens, com 103 (38%) registros, e somente 39 (14,4%) homens, mostrando que a mão-de-obra feminina é mais elevada tanto para funcionárias da cidade quanto para as que provinham das localidades próximas em busca de uma nova oportunidade de emprego.
Cataguases é um ponto de concentração para os operários, para os que não conseguem ocupação nas pequenas cidades da região e procuram uma melhoria de vida indo procurar emprego nas inúmeras fábricas de Cataguases, dentre elas a Indústria Irmãos Peixoto.
Fonte: A saude dos operários têxtil da Indústria Irmãos Peixoto _ Cataguases-1941.
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela Professora e Mestre em História, Lucilene Nunes da Silva.
Redatora Chefe
Karla Valverde