Jose Silva Gradim, professor de português e latim, nascido em 05.08.1914, em Guidoval. Responsável pelos sólidos conhecimentos de português recebidos por várias gerações de alunos. Gradim foi o melhor exemplo do magnífico corpo de mestres do Colégio de Cataguases. Faleceu em 06.04.1989, em Cataguases.
Jose Silva Gradim fez o curso primário e o secundário no Colégio Raul Soares, em Ubá. Seminarista em Mariana, adquire o conhecimento vernacular e humanístico que será a sua principal característica. No início dos anos 40, a convite do Professor Antônio Amaro, Gradim transfere-se para Cataguases onde passa a lecionar português, Latim e Filosofia no Ginásio Municipal. No Ginásio, que logo depois seria o Colégio de Cataguases, ele passaria o resto de sua vida, chegando mesmo a residir no entorno do novo prédio, numa das residências então destinadas aos professores. Em sua homenagem, a antiga residência do diretor do Colégio transformou-se, em 16.10.1996, na Casa de Cultura Jose Silva Gradim.
À exceção de brevíssima temporada como Professor da Universidade Federal de Brasília – que não levou adiante por não se adaptar ao Planalto -, o Colégio de Cataguases foi literalmente sua casa. Mesmo no tempo em que frequentava a Faculdade de Direito de Niterói, formando-se em 1959; ou quando se licenciou, em 1975, pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia de São João Del Rei. Gradim foi também responsável pelas cadeiras de Língua Portuguesa e Literatura no Colégio Carmo, na FAFIC e na Faculdade de Filosofia de Ubá. Colaborou no “Cataguases”, e no “O Estudante”, o jornal do Grêmio Literário Machado de Assis, do qual foi um dos grandes incentivadores.
Um surpreendente intelectual que era também um apaixonado por esportes, um dos pouquíssimos, e não por isso menos fanáticos, torcedores do América Futebol Clube do Rio de Janeiro.
Assistir uma aula do Gradim era conviver com o acontecimento sem renegar o passado. O professor de português ficou famoso por contextualizar suas aulas. Rigoroso na sintaxe gramatical, nas sempre temidas análises camonianas, Gradim sabia ao mesmo tempo passar a seus alunos o amor pelos poetas da palavra e da imagem. Não raro, ele exemplificava seus ensinamentos citando filmes, diretores, peças de teatro e obras de arte. As aulas de português eram, na verdade, um pequeno e rico curso de entendimento do mundo.
Em abril de 1989, por ocasião de sua morte, escreveu o poeta Francisco Marcelo Cabral, que foi seu aluno: “Nunca quis abandonar Cataguases – os motivos que o levaram a tal opção permanecem desconhecidos e talvez fiquem para sempre ocultos como outros mistérios de Cataguases. (...) Se me pedissem uma sugestão para o seu epitáfio, uma estrela, que marque o local onde foi enterrado, para lembrança (por quanto tempo?) dos pósteros curiosos, eu daria a seguinte: “Jose da Silva Gradim – Um Mestre”.
Fonte: Trecho retirado do livro "Os 100 do século em Cataguases", da Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Criação e Desenvolvimento
Welington Carvalho